Com o avanço das tecnologias e principalmente da quantidade de músicas disponíveis para download na internet, cada vez menos as pessoas compram os CDs. A venda de CDs caiu 33,2% em 2007 sobre 2006 no Brasil (de 322 milhões para 215 milhões de unidades vendidas), segundo a ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos). Já o aumento de downloads de músicas em que se paga para as produtoras foi de 185%, entre esses mesmos anos. Atualmente, as músicas digitais representam 6%, pela internet, e 40%, pelos celulares, dos lucros das produtoras.
Mas o que predomina mesmo é fazer download gratuito de músicas e quem tenta impedir isso no Brasil é a APCM (Associação Anti-pirataria Cinema e Música), que começou o seu combate ano passado. Antes dela, quem fazia esse papel era a APDIF (Associação Protetora dos Diretos Intelectuais Fonográficos) que começou seu trabalho no ano de 2000. Desde o começo do combate a pirataria virtual até 2008 já foram denunciadas e fechadas aproximadamente 60 mil páginas que praticavam a pirataria.
Uma das páginas canceladas foi a comunidade Discografias, que estava em um site de relacionamentos. Nessa comunidade mais de 1 milhão de internautas publicavam e baixavam músicas gratuitas sem pagar os direitos para as produtoras, mas não adiantou muito fechá-la, pois no mesmo dia em que uma comunidade foi cancelada, outra foi aberta e com o mesmo nome.
O dono da produtora Baratos e Afins, Luiz Calanca, 56 anos, trabalha há 31 anos com música e nesse tempo já lançou 104 vinis, 65 CDs e 30 que não levaram o selo da produtora. Desde o começo dos CDs, ele não foi muito a favor, pois a qualidade das músicas diminuíam muito. Segundo ele, “Hendrix foi feliz de morrer antes do CD”, porque a tecnologia assassina a obra dando mais importância para a aparência, tanto que só se consegue ouvir guitarra nos CDs do Hendrix.
Ele acredita que o CD ainda não morreu, mas que está agonizando já que poucas pessoas ainda dão valor para o CD e as que ainda compram, muitas vezes preferem as versões nacionais porque são mais baratas, mas tem qualidade inferior. Quando o assunto é download de músicas ele diz que não faz sentido ser gratuito já que essa é a única coisa que cantores e bandas podem vender. No inicio pode até ser bom para a divulgação da banda, mas depois de conseguir sucesso também começariam a cobrar.
Mas mesmo com toda essa facilidade dos downloads ainda existem pessoas que adoram ter o CD na estante, como por exemplo, a Tainã Braghin de 21 anos que sempre que pode compra algum CD pra sua coleção. Isso não a impede de baixar músicas, principalmente de bandas que não tem ainda CD para vender no Brasil, já que não impede a vontade dela de comprar.

Pra ela as pessoas não dão o mesmo valor às músicas quando elas são baixadas. As pessoas acumulam tanta música no PC que acabam ouvindo pouquíssimas vezes as músicas que baixam ou até nunca ouvindo. Segundo Tainá,“o gostinho que você sente ao comprar o CD novinho da sua banda favorita não tem comparação com o download! Você não vê a hora de chegar em casa com o CD pra poder ouvi-lo, ver o encarte, ler as letras das musicas...”.
Gustavo Frazato, 15 anos, inicia sua coleção e começou a dar mais valor ao trabalho de se fazer um CD depois que começou a tocar guitarra, pois percebeu a dificuldade de se fazer um. Ele usa o download como um meio de conhecer bandas e faz uma lista depois dos quais ele deseja ter na estante. O culpado de a pirataria ser grande, na opinião dele, é o preço, porque em bandas que divulgam seu trabalho de forma barata, o número de venda é alto e quase não se vê cópias clandestinas, já que seu público consegue ter grana para comprá-los.
Segunda a ABPD entre o ano de 1997 até 2005 o número de artistas contratados diminuiu em 50% e os produtos nacionais lançados em 44%. 80 mil pessoas ficaram sem empregos, isso pensando não somente em artistas e produtoras, mas também em comerciante. E a estimativa de perda na arrecadação de impostos é de 500 milhões de reais anuais.
“Não resta muito tempo para os CDs sumirem”, avalia João Victor, 14 anos, quando se comenta da queda de vendas. “Cada vez mais os CDs aumentam seus preços e os downloads aumentam na internet, não sei o que virá depois deles, mas acredito que logo não existiram mais”.
Uma das possibilidades do sucessor do é o HD-AAC, criado pelo instituto alemão Fraunhofer, que promete matar o CD que nos acompanha há mais de 25 anos já que grava as músicas sem perda de qualidade, mas para isso precisa esperar um pouco, o CD ainda não morreu mesmo.