31 de agosto de 2011

"Fahrenheit 451", Ray Bradbury

Edição: 1
Editora: Globo
ISBN: 8525037249
Ano: 2003
Páginas: 215
Tradutor: Cid Knipel

     Imagine uma época em que os livro configurem uma ameaça ao sistema, uma sociedade onde eles são absolutamente proibidos. Para exterminá-los, basta chamar os bombeiros - profissionais que outrora se dedicavam à extinção de incêndios, mas que agora são os responsáveis pela manutenção da ordem, queimando publicações e impedindo que o conhecimento se dissemine como praga. Para coroar a alienação em que vive essa nova sociedade, anestesiada por informações triviais, as casas são dotadas de televisores que ocupam paredes inteiras de cômodos, e exibem "famílias" com as quais se podem dialogar, como se estas fossem de fato reais. Este é o cenário em que vive Guy Montag, bombeiro que atravessa séria crise ideológica. Sua esposa passa o dia entretida com seus "parentes televisivos", enquanto ele trabalha arduamente para comprar-lhe a tão sonhada quarta parede de TV. Sua vida vazia é transformada, porém, quando ele conhece a vizinha Clarisse, uma adolescente que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo. O sumiço misterioso de Clarisse leva Montag a se rebelar contra a política estabelecida, e ele passa a esconder livros em sua própria casa. Denunciado por sua ousadia, é obrigado a mudar de tática e a buscar aliados na luta pela preservação do pensamento e da memória. "Fahrenheit 451" é não só uma crítica à repressão política mas também à superficialidade da era da imagem, sintomática do século XX e que ainda parece não esmorecer.
      A obra de Bradbury descreve um governo totalitário, num futuro incerto mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instaladas em suas casas ou em praças ao ar livre. Fahrenheit 451 é dividido em três partes: A lareira e a salamandra, A peneira e a areia e O clarão resplandecente. O livro conta a história de Guy Montag, que no início tem prazer com sua profissão de bombeiro, cuja função nessa sociedade imune a incêndios é queimar livros e tudo que diga respeito à leitura. Quando Montag conhece Clarisse McClellan, uma menina de dezesseis anos, ele percebe o quanto tem sido infeliz no seu relacionamento com a esposa, Mildred. Ele passa a se sentir incomodado com sua profissão e descontente com a autoridade e com os cidadãos. A partir daí, o protagonista tenta mudar a sociedade e encontrar sua felicidade.



     Fahrenheit 451 é um clássico da distopia escrito por Ray Bradbury e fala de uma sociedade em que os livros são proibidos, além disso, quando se encontra um exemplar ele é queimado pelos bombeiros que ao invés de combater, produzem incêndios.
     Para quem é apaixonado pela leitura chega a ser completamente absurdo que eles sejam proibidos e queimados, mas conforme a história decorre, é explicado o porquê de isso ter chegado a esse ponto e nos mostra exatamente como a sociedade viveria se isso acontecesse.
     Normalmente as distopias clássicas são atemporais, qualquer época em que ela é lida, conseguimos identificar que a história poderia acontecer nos dias de hoje, isso torna o livro mais interessante e atrativo.
     No geral, os livros de Bradbury são sci-fi e nesse só existe um elemento desse gênero, o Sabujo, um cão que fareja pessoas que possuem livros e as denuncia, isso pode desagradar um pouco os fãs dele, mas mesmo assim a história é fantástica.
     Os diálogos são ótimos e bem elaborados, mas em compensação a narrativa deixa um pouco a desejar por dois motivos, o primeiro é que ela enrola demais e o segundo é a repetição de palavras. Muitos escritores usam o recurso da repetição, mas isso pode confundir a leitura e fazer com que nos perdemos na história.
     Muitas vezes no decorrer do livro pode acontecer de você não entender o que aconteceu e como chegou naquele ponto da trama, é preciso voltar um pouco e ler com mais calma para entender o que ocorre. Devido à lentidão da narrativa acabamos nos distraindo e perdendo o ponto em que toda a história começa.
     Montag, o personagem principal de Fahrenheit, é uma pessoa muito fácil de ser influenciada, geralmente as pessoas demoram um pouco para se revoltar contra o sistema, não com ele, é muito rápida a mudança dele de opinião sobre o sistema de governo da sociedade em que vive e ele se questiona pouco sobre as mudanças, isso incomoda um pouco.
     Apesar da repetição e da lentidão, o livro é pouco detalhista, talvez se tivesse mais detalhes na trama não sentiríamos que o personagem é tão fraco em suas convicções.
     Pode parecer, falando desse jeito, que o livro é ruim, mas é completamente o contrário. Fahrenheit 451 é um livro que deve constar na lista de livros a serem lidos, ele faz analisarmos (como todas as outras distopias) o mundo em que vivemos e o que pode acontecer se não tentarmos mudar algumas coisas. Além disso, o livro é de leitura rápida e prende o leitor apesar dos defeitos apontados.
     Assim como mostra no final do livro, não podemos nos deixar levar pela maioria, devemos ser firmes no que acreditamos. Não existe isso de que uma pessoa não pode mudar o mundo, pode sim e é preciso que se tente de tudo para mostrar aos outros as suas ideias e não deixar elas abandonadas ou escondidas em um sótão.